2.5.09

A CAMPONESA E O NEGRO - Fábulas e verdades.

A CAMPONESA E O NEGRO - Fábulas e verdades.
Crédito da Imagem: Portal São Francisco (http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/abril/dia-nacional-do-livro-infantil.php)

Em dias de modernidade, onde termos como “crackers” e "tecnologia" se ajustam melhor à curiosidade e à busca dos internautas, ouso dar um título de LIVRO ao post de hoje. Sim, de livro: Aqueles, de fábulas, com páginas de papel, capa dura, cheio de ilustrações, de letrinhas ordenadas e impressas.

Fui motivado por dois fatos, do mês de abril, mês da inconfidência e da descoberta, a escrever meus pensamentos. Fatos de verdade fabulosa ou, se preferirem, de fabulosa verdade.

ABRIL: A DESCOBERTA
http://www.youtube.com/watch?v=j15caPf1FRk

O “evento” chamado SUSAN BOYLE, que se apresentou no BRITAIN´S GOT TALENT. A esta eu dedico 50% da identificação do título do post.

Susan, de West Lothian, é corajosa e caminha pelo palco com vigor e demonstrando confiança. Tudo parece “normal”, exceto pela reação da platéia e, também, dos três famosos jurados, que não se furtam de demonstrar com “caras e bocas” e comentários a IRREGULAR SITUAÇÃO.

Susan é uma senhora de 47 anos e, como no Brasil, a maior parte do “mundo moderno” acredita que o mundo é dos jovens e para os jovens, instaurando uma era de desrespeito aos que abriram caminhos e trilharam toda a estrada de dificuldades para que o mundo atual fosse melhor para aqueles que – hoje – são jovens. Susan cantou... e como cantou.

Susan, ao responder a sua idade, rebola no palco, demonstrando desenvoltura e saber a razão de estar ali. Afirma “E esta é apenas uma parte de mim”, sob os olhares críticos e a reações de desprezo. Para o que se propôs a fazer a idade não atrapalharia. Não atrapalhou, pois Susan cantou... e como cantou.

Susan, para a TV, é feia. Tem um padrão de beleza distante dos esperados ou desejados pelos que ali estão. Susan tem os cabelos desgrenhados... estranhos. Ainda assim, Susan cantou... e como cantou.

Susan tem um sonho, responde as perguntas com segurança e informa o seu sonho de ser “cantora”. O público ri. Susan, altiva, afirma que tem como modelo a cantora, dançarina e atriz britânica “Ellen Page” (Elaine Paige). Mais risadas, mas Susan cantou... e como cantou.

Susan, imagino, deve ter sofrido com dezenas de portas que bateram impedindo sua passagem, seu sonho. Afirmou, no palco, não ter recebido oportunidades para ser cantora, ao som de risadas de todos, afinal, “feia, gorda e idosa... que oportunidade deveria esperar?". Ahhh... mas Susan cantou... e como cantou.

Susan tem esperança e diz: “Nunca me deram uma chance antes e espero que isto mude”. Sob o som da reprovação inicial, das risadas de escárnio, das caras de desdém... Susan cantou... e como cantou.

Susan escolheu um tema difícil para interpretar, os olhares e risadas no júri atestam isso. A letra da música interpretada afirma “Eu tive um sonho que a minha vida seria tão diferente do inferno que estou vivendo”. Sim, o tema é muito difícil, Susan é feia, gorda, idosa, não se veste bem (por não poder ou querer, não importa), está navegando contra a maré das reprovações. Céus... mas Susan cantou... e como cantou.

ABRIL: A INCONFIDÊNCIA
http://www.youtube.com/watch?v=sIUdUsPM2WA&feature=related

O “evento” chamado JOAQUIM BARBOSA, que se apresentou no Supremo Tribunal Federal. A este eu dedico os outros 50% da identificação do título do post.

Joaquim Barbosa, de Paracatu, é corajoso e senta-se no seu lugar no Tribunal com vigor e demonstrando confiança. Tudo parece “normal”, exceto pela sua reação ao ser atingido pelo “recado” do Presidente do Tribunal, ao encerrar uma pauta. Sua reação foi pioneira, inesperada, surpreendente e contundente, causando surpresa ao plenário (local e virtual) e, também, aos companheiros de bancada frente a IRREGULAR SITUAÇÃO.

Joaquim é um senhor de 54 anos e, no Brasil, como na maior parte do “mundo moderno”, está na idade considerada “sem espaço” para grandes realizações. Acredita-se, no Brasil, que o mundo é dos que estão no poder e dos que têm poder, instaurando uma era de desrespeito à dignidade dos cidadãos símplices, dos votam, dos que pagam impostos, dos que não recebem ajuda de custos (Passagens, correios, estadias, moradias, alimentação, etc.) subsidiada pelo Estado... às custas da população. Ainda assim, com 54 anos, Joaquim falou... e como falou.

Joaquim, para a TV, é feio. Tem um padrão de beleza bem distante dos esperados ou desejados pelos que promovem a TV aberta ou fechada, na esfera das concessões particulares. Joaquim só foi o “nome principal” do evento, sem cortes, por ser canal do próprio STF. Se fosse num canal “particular”, tipo aquele que editou o debate entre Collor e Lula, beneficiando o primeiro em detrimento do segundo, certamente a linha editorial e visual teria beneficiado “o outro”. Ainda assim, Joaquim falou... e como falou.

Joaquim, imagino, deve ter sofrido na sua vida, com dezenas de portas que bateram impedindo sua passagem e realização do seu sonho. Filho de pai pedreiro e mãe dona de casa, primogênito de oito irmãos, típica família brasileira. Afirmou, certa vez, que “Enganaram-se os que pensavam que o STF (Supremo Tribunal Federal) iria ter um negro submisso, subserviente". Disse, ainda, não se sentir isolado no tribunal, onde "não costuma silenciar quando presencia algo errado". Sim, Joaquim não silenciou, mas falou... e como falou.

Joaquim escolheu um tema difícil para interpretar. Os textos de reprovação, os olhares e comentários atestam isso. A “letra” da sua intervenção afirma “Respeite, ministro! Vossa Excelência não tem condições de dar lição de moral em ninguém!”. Sim, a situação... o tema é muito difícil, mas ainda assim insistiu: “Vossa Excelência não está nas ruas; está na mídia destruindo a credibilidade de nossa justiça!”. Sob o efeito da suprema risada presidencial (O som dessa risada me assombra... é trilha sonora dos meus pesadelos), não se furtou e mandou para registro histórico: “Respeite, ministro! Vossa Excelência não está falando com seus capangas do Mato Grosso!”. É... Joaquim é feio e, creio, deve estar navegando por maré de reprovações (é bem mais fácil ficar no lado presidencial, nossa História atesta!). Céus... Mas Joaquim falou... e como falou.

ABRIL... mês da descoberta. Em um 22 de abril, dizem, Pedro Álvares Cabral, navegador, descobriu as terras dos índios, hoje chamadas de Brasil. Neste mês, um programa que eu não dou muito crédito descobriu uma grande verdade social: Além da discriminação social, racial e de gênero, muito além... dando-se a oportunidade... descobrimos o valor de uma pessoa, algo que não está determinado pela origem, pela raça, pela cor, pela nacionalidade, pelo padrão físico, pela vestimenta, MAS pelo SER PESSOA, pela ALMA, pelo ESPÍRITO. Chega de hipocrisia. Chega de falsidade. Chega de discriminação (aberta ou velada) social, racial e de gênero no Brasil, e no mundo. Deixem Susan Cantar!

ABRIL... mês da Inconfidência. Em um 21 de abril, dizem, Joaquim José da Silva Xavier, alferes, dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil Colonial, é reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico e herói nacional. Neste mês, num programa sem muito crédito de “IBOPE”, insurgiu-se um negro insubmisso e evidenciou-se uma grande verdade nacional: Além da discriminação social, racial e de gênero, muito além... tomando-se a oportunidade de falar... descobrimos que estamos distantes dos ideais democráticos, das teses sobre o valor de uma pessoa, algo que não seja determinado pela origem, pela raça, pela cor, pela nacionalidade, pelo padrão físico, pela vestimenta, MAS pelo SER PESSOA, pela ALMA, pelo ESPÍRITO. Chega de hipocrisia, homens públicos! Chega de falsidade, homens que deveriam representar a população, o povo... o país. Chega de discriminação (aberta ou velada) social, racial e de gênero no Brasil. Deixem Joaquim, de inconfidente, Barbosa, de jurista, falar!

Um comentário:

Anônimo disse...

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